quinta-feira, dezembro 09, 2004

Inconfessável

Desenha uma linha.
Traça-a sem régua nem esquadro

O primeiro ponto esconde-se no meu lábio
Devagar segues a linha pelo queixo
Contornas o pescoço em rotundas de espiral
Encontras uma duna num dos ombros
E percorres a estrada de arrepio
Contornas a cintura que se move
Levas a linha até ao centro
Ponto onde tudo começou.

A tela dá uma gargalhada
Cócegas no umbigo…

Continuas a viagem
Uma planície macia
Uma linha que se insinua
Um dedo que desenha uma linha
No meu corpo. Até chegar ao destino esperado.

Chegaste. O desenho está completo.
A linha cumpriu o desejo.

LolaViola



António Ramos Rosa
Se eu falar
é este o caminho dos teus cabelos
da tua boca
cada palavra treme
com o tremor dos teus pulsos
com a loucura feliz
desta mão que ascende
sobre o teu corpo
e desce
ao fundo
á água
do teu sexo
e beijo o teu nome
entre os teus dentes.

in, Matéria de Amor