sexta-feira, janeiro 14, 2005

À tua janela


Acordo com o sabor da noite nos lábios
vejo-me gata em telhado de zinco quente
ainda no reflexo da manhã em desalinho
desenho um rectângulo em branco no meu espelho

Com o dedo desenho no vidro
o contorno do meu corpo
com os lábios em surdina te nomeio
o reflexo brilhante devolve-me em desejo
surdo.. mudo.

Preciso de uma fotografia
Preciso das palavras feitas de cores e linhas.

Faço então a viagem necessária
até à tua janela, com o rio ao fundo
onde poso vaidosa para ti.

Na tua janela
onde me despes lentamente
onde beijas de olhos abertos o desenho
dos meu contornos
onde beijas de olhos claros o gemido
das minha cores.

Na tua janela
Recriamos o amor dos corpos reconhecidos
Reinventamos os sons do comboio aqui tão perto
Saboreamos os dias perdidos…
E enchemo-nos de azul….
Com o rio ao fundo. Lá ao fundo….
da tua janela