domingo, novembro 07, 2004

Gotas de Azul



O dia amanheceu feito de luz e de azul.
E desenho-te a cores, personagem de sonhos passados e de desejos de vida futura.
E construo o teu caminho em estradas de palavras e sonhos e ilhas.
E depois desenho-te os monólogos, invento-te outras personagens para contracenar com os teus sorrisos e os teus suspiros de sereia fora de água.

- Queres ouvir o que as minhas palavras não dizem? - oiço-a a dizer enquanto eu te acabo de inventar.
- Dou-te o verde dos meus silêncios - oiço-o a ele ou a ti, de memória.
- Sabes qual é a minha cor preferida? – pergunta ela outra vez, enquanto eu procuro uma nova tonalidade de pantone por inventar…

Desisto do diálogo. Já te pintei de todas as cores. Já te fiz mulher, boneca, palhaço, pai e sonho. Invento-te agora uma nova estória. Vou deixar que te levem. No teu lugar, apenas o azul das gotas de água.
E um bilhete escrito a branco:

ela encontra-se em destino incerto
levei-a para que se encontre
prometo tratá-la bem