sábado, janeiro 15, 2005

Repetez avec moi

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Pois é, hoje apetece-me ser infiel aos meus conceitos abstraccionistas. Juro que acordei com tendências homicidas. Um a um fui matando os meus sonhos velhos para que ganhasse espaço na criatividade para os mais recentes. Sabes porquê? Apenas porque descobri que todos os sonhos têm um tempo certo. Chama-lhe prazo de validade se quiseres.
Apetece-me ter apetite por coisas actuais, não precisam ser novidade, basta que sejam actuais, entendes?

Olhei atentamente para o chão procurando vestígios daquelas ultimas horas que passamos juntos a fazer amor.
O soalho ainda cheirava ao teu sexo, sinal que afinal só tinhas ido embora uns momentos antes.
Espreguicei-me com força de forma a colocar todas as vértebras no lugar e ergui-me num salto para que o dia se tornasse enérgico.
Devorei dos iogurtes de seguida, acompanhados pelos deliciosos biscoitos de manteiga que a tua tia mandou pelos teus pais.
Os desgraçados são mesmos bons. Ideais para manter a vontade de os comer mais e mais.

Talvez hoje rape a barba, ou talvez ainda não seja desta que o faço. No entanto já comecei a ponderar fazê-lo. Aqui está uma atitude nova em mim.
Ponderar as coisas...
Acabo de me lembrar de algo que não te posso contar. A boazona do bar do Alcides que tu dizes estar sempre a fazer-me olhinhos, disse-me ontem enquanto te esperava que eu era bem mais interessante quando estava sozinho. Passei-me mas sei que não irias acreditar. Afinal eu nunca lhe resisti não é mesmo?
A verdade é que fiquei a pensar nisso. Podia ser simples conversa de engate, mas a verdade é que a míuda foi convincente. Fiz bem em ignorá-la, já o mesmo não consigo fazer em relação às palavras dela.

Já hoje a seguir ao almoço reparei num frase escrita numa parede mesmo ali por debaixo da ponte. " Não estamos bem! " dizia ilustrado por uns olhos irrealistas com um toque minimalista.
Impressionou-me. Afinal quem sofre e porquê? Achei que se tratava de uma globalização de um qualquer sentimento de insatisfação tão caracteristico da nossa sociedade, mas logo a seguir comprei o jornal e li a noticia de mais um suícidio absurdo de um jovem de 17 anos. Claro que não foi ele que escreveu as tais palavras, mas não pude evitar pensar em quantas vezes ele teria tentado chamar a atenção dos outros para a dor que sentia. Parece-me óbvio que ninguém o ouviu. Se ouviram, então não terão escutado.
Depois lembrei-me das vezes que digo sim e não e talvez, sem sequer prestar atenção ao que me dizem.
Tenho mesmo de ponderar as coisas e ouvir com os olhos mais abertos.
Já devo ter perdido muita coisa importante e interessante por me deixar desligar nos momentos menos oportunos.

Caramba...tenho de estar mais atento aos momentos do dia.
E afinal de contas, o que é que é mesmo ser actual?
Insisto...vou perder-me em palavras.